segunda-feira, 8 de julho de 2013

A HISTÓRIA DA ÁGUA EM MACAU POR GETULIO MOURA – PARTE 1


 Em 1911, foram feitas duas tentativas para descobrir água potável no subsolo de Macau. Dois poços foram perfurados na Praça Joaquim Honório [em frente ao mercado velho, atual CCAB] e abandonados por apresentarem água salgada; e um terceiro, em 1912, na antiga  Rua da Gameleira [atual rua Marechal Deodoro], também não apresentou bom resultado.

Do segundo poço, existia uma fotografia “[...] bem em frente ao mercado público…”, no arquivo de F.F. Araújo, um estudioso da primeira metade do século 20, que escreveu sobre o passado antigo de Macau. A fotografia não existe mais, mas aqui está um trecho do relatório do poço, que descreve bem o subsolo da cidade: “Começado os trabalhos, numa profundidade de 15 a 20 palmos, encontrou-se uma camada de areia de praia e búzio em quantidade, o que, aliás, se encontra sempre em todo perímetro da cidade, toda vez que se faz escavações em profundidade; logo em seguida, lama de maré que [...] vinha de mistura pedacinhos de madeira, que se reconheceu ser de mangue canoé; continuando a perfuração foram encontradas camadas de terrenos vários até que, a uns 90 metros mais ou menos, deu água, mas um pouco salobra ]…]. Abandonado esse poço por falta de canos [...], transferiram a perfuratriz para a rua vulgarmente chamada de Gameleira.”


No terceiro poço, foi perdido um instrumento no fundo. O americano “Campbell, o perfurador”, conseguiu “pescar” o instrumento e continuou o trabalho com a máquina “Pierce”, descobrindo mais tarde, que o revestimento estava quebrado a 30 metros de profundidade, deixando entrar água salgada, a partir dos 82 metros de profundidade, faltou revestimento para o poço, mas mesmo assim ele continuou sendo perfurado. A quantidade de tubos definida pelo projeto foi insuficiente para a profundidade necessária. Ao atingir 106 metros foi encontrado calcário, com 150 metros o matéria coletado era arenito de granulação fina. Depois dessa profundidade, a água surgiu na superfície, salobra.

A perfuração sem revestimento numa camada de areia é impraticável. Uma broca foi perdida no fundo do poço, na tentativa de aprofundá-lo mais, e lá ficou. Abandonaram o terceiro poço.

O geólogo da Inspetoria de Obras contra as Secas, Dr. Ralph H. Sopper, disse, em 1936, que havia “uma sofrível provisão de água no arenito, água que é provavelmente doce. Posso dizer, entretanto, que uma experiência, feita devidamente por um habilitado perfurador, com utensílios completos, seria uma coisa justificável”.  Páginas 131 e 132.


(***) FONTE: O Baú de Macau

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